quarta-feira, 14 de outubro de 2009

LITERATURA ARGENTINA

(Continuação)
O estudo da nossa literatura nacional vai adquirindo cada vez maior importância e despertando mais interesse, o que é perfeitamente lógico se se observa que não passa um ano sem que o seu caudal se enriqueça com o contingente de obras sempre mais sólidas quanto ao seu fundo e mais perfeita estética quanto á forma.
O seu estado actual é verdadeiramente próspero e fecundo em todas as suas manifestações, afastando-nos cada vez mais das imitações ou da reminiscência das obras europeias, cujos rastos são fáceis de rastrear na produção intelectual de épocas anteriores.
Em lugar de reconhecer que é impossível, em poucas linhas, passar revista a todas as obras de mérito publicadas nestes últimos anos, só recordaremos algumas de cada género literário
Un libro extraño de Francisco Sicardi é talvez a novela mais intensa e realista da nossa literatura contemporânea, notável pela força da sua prosa, a vida das suas personagens e a novidade das suas ideias.
A Prosa que chamaríamos lírica alcançou uma expressão de sublime beleza em Mis Montañas de Joaquín V. Gonzalez.
Rozas y su tiempo de Jose Maria Ramos Mejía é um pedaço da história argentina examinado e analisado por um critério que une à sua grande cultura, raras qualidades de observação psicológica.
De estilo semelhante, quanto à tendência da obra é o Facundo, notável estudo histórico de David Peña.
Ernesto Quesada com El Criollismo colocou a crítica literária numa dimensão que nunca tinha alcançado entre nós, fundindo nas páginas do seu livro a sua vastíssima erudição e os seus dotes de sociólogo eminente.
A poesia conta entre os seus felizes cultores José Palacios, cujo pseudónimo, Alma fuerte, sintetiza de maneira admirável a virilidade da sua veia poética; Leopoldo Diaz de inspiração delicada e harmoniosa; Ricardo Rojas, figura jovem do parnaso argentino, que se revelou com La victoria del hombre, em cujas páginas chama a atenção a eloquente fibra de poeta e intelectual superior.
Na oratória, o nome de Belisario Roldán apresenta-se-nos como um expoente de eloquência florida e elegante.
Muitas são as produções do teatro nacional que mereciam, especialmente, citar-se, porém a sua larga enumeração levar-nos-ia fora do propósito, por isso recordaremos somente Jesús Nazareno de Enrique García Velloso, drama de ambiente crioulo porém com tendências simbolistas; Más allá de la vida (Oltre la vita) de José Léon Pagano, que percorreu triunfante os cenários europeus; Próspera de David Peña, comédia sociológica e política; Sobre las ruinas, profundo estudo da nossa evolução social e Marco Sereri, simpático e comovedor triunfo dos sentimentos humanitários sobre os preceitos legais, ambas obras de Roberto J. Payró; El Arlequin de Otto Miguel Cione, tragédia em que se alternam momentos tão intensa como original beleza, com rasgos de suprema emoção dramática; Las de Barranco comédia de ambiente popular cheia de realismo admirável, original de Gregorio Laferrère; não citando muitas outras obras de valor, representadas ultimamente, em alguns casos, para não levar esta brevíssima resenha a limites que não são apropriados neste lugar, e noutros, por não serem argentinos os seus autores.
Os autores estudados neste Compêndio não são os únicos cuja produção intelectual merece, especialmente, citar-se.
Para que fosse completo havia que agregar, aos que acabamos de nomear e aos incluídos nas páginas do texto, muitos outros já antigos ou contemporâneos, como Manuel José García, Julián Segundo Aguero, Gregório Funes, Frei Justo de Santa Maria de Oro, José Agustín Molina, José Rivera Indarte, Pedro Medrano, Carlos Encina, Florencio Balcarce, Luis L. Domínguez, Marcos Sastre, Claudio Mamerto Cuenca, Ramón Diaz, Tristan Achaval Rodríguez, Pedro José Agrelo, Eugenio Cambaceres, Melchor Pacheco y Obes, Manuel Antonio Castro, José María Paz, Adolfo Mitre, José María Cantilo, Bernardo Vera y Pintado, Juan Godoy, Juana Manuela Gorriti, Lola Larrosa de Ansaldo, Juana Paula Manso, Eduardo Mansilla de García, Domingo Martinto, Manuel Inurrieta, Miguel Irigoyen, Adolfo Lamarque, Eduardo Gutiérrez, Juan Lussich, Gervasio Méndez, Manuel Argerich, Julián Martel, Tomás Gutiérrez, Santiago Estrada, José S. Alvarez, José Zuviría, Miguel Cané, Enrique E. Rivarola, Joaquin Castellanos, Martín Coronado, Osvaldo Saavedra, Rafael Obligado, Francisco Sicardi, Vicente y Ernesto Quesada, Martiniano Leguizamón, Juan Agustín García (Filho), Lucas Ayarragaray, Calixto Oyuela, Osvaldo Magnasco, Martín García Mérou, Leopoldo Lugones, Cárlos Octavio Bunge, Enrique Rodríguez Larreta, EstanislaoS. Zeballos, Lucio V. López, Daniel García Mansilla, Angel de Estrada (Filho), Martín C. Aldao, Francisco Soto y Calvo, Cárlos Navarro Lamarca, Hector Quesada, Cárlos María Ocantos, Adolfo Saldias, José Ingenieros, Pedro J. Naón, Rosario P. De Godoy, Emma de la Barra, Alfredo Méndez Caldeira, Jorge Sohle, José Luis Cantilo, Diego Fernández Espiro, Juan Pablo Echague, Alberto Ghiraldo, Mário Sáenz, Eusebio Gomez, Ezequiel Soria, Manuel Ugarte, Arturo Jiménez Pastor, Atilio Chiapori, Emilio Becher, Luis María Jordán, César Iglesias Paz, Salvador Oria, Manuel Galvez (Filho), Alberto Tena, Martinez Zuviria, que têm produzido páginas formosas na história, na poesia, na novela, no teatro, na oratória e no jornalismo.
Também na geração jovem, na que se inicia, descobrem-se desde já muitos nomes que de pronto figurarão honrosamente nos anais da literatura nacional, prestando-lhe o vigor juvenil dos seus anseios e aspirações e trazendo novas e generosas ideias às múltiplas manifestações da nossa cultura intelectual.
Porém, este luminoso conjunto exige, a quem queira abarcá-lo, a elaboração de um livro extenso, labor superior às nossas forças e ao nosso propósito, que, como o já temos dito, está limtado a responder, da melhor maneira possível, aos programas oficiais.
Emilio Alonso Criado

terça-feira, 13 de outubro de 2009

LITERATURA ARGENTINA

Sobre a literatura argentina traduzimos de um manual dos inícios do século XX (COMPÊNDIO DE LITERATURA ARGENTINA, por Emilio Alonso Caiado, 3.ª ed., Buenos Aires, 1908)o seguinte:
PRÓLOGO
(...)

A literatura argentina não admite outras divisões, para quem a estudar ou ensinar a sua história e evolução cronológica, metodicamente, a não ser as que surgem dos factos históricos mais importantes e transcendentes da hegemonia nacional.
Não se podem enumerar escolas porque o classicismo com Juan Cruz Varela não teve seguidores, o romantismo de Echevarría, de Mármol e de Andrade não viveu senão reflexos mais ou menos brilhantes, o decadentismo só produziu chispas, o naturalismo só teve cultores isolados.
Tão pouco podem servir de base as denominações gerais de Poesia, História, Novela, etc., pois quase todos os intelectuais argentinos figuraram exprimiram-se em mais de uma destas manifestações de espírito, consequência directa da falta do literato profissional, entre nós.
Assim vemos um Mármol poeta, romancista, dramaturgo e jornalismo; um Juan Maria Gutiérrez crítico, romancista, poeta, historiador e jornalista; um Sarmiento prosista de uma intensidade extraordinária, o mesmo como orador, polemista e historiador psicólogo; um Vicente Lopez historiador e romancista;um Mitre historiador, jornalista, orador e poeta; reduzindo-nos as estes casos clássicos para abreviar, pois poderiam citar-se sem esforço muitos outros exemplos contemporâneos.
Por estas razões, cremos ser a divisão mais indicada, a que separa a literatura argentina por épocas, sob a seguinte forma:
- Época Colonial até 1810.
- Época da Revolução e da Independência (1810-1830)
- Época Moderna (1852-1880)
- Época Contemporânea, de 1880 até aos nossos dias.

(cont.)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

AUGUST WILSON - DRAMATURGO

O dramaturgo americano August Wilson faleceu em 2 de Outubro de 2005, com a idade de 60 anos. O seu nome verdadeiro era Frederick August Kittel.
Publicou um ciclo de 10 peças (redigidas entre 1980 e 2004) sobre a condição dos Negros americanos no século XX. Tornou-se célebre com as peças Fences (Barrières) e The Piano Lesson (La leçon de piano), as duas coroadas com o prémio Pulitzer em 1987 e 1990.
in LIRE, n.º 340, Novembro, 2005, p. 33