sexta-feira, 27 de novembro de 2009

LITERATURA ARGENTINA - PRIMEIRAS TENTATIVAS LITERÁRIAS

(Continuação)
Ainda durante o governo do vice-rei Vertiz, e pouco tempo depois do teatro, inaugurou-se a primeira imprensa.
Isto deu algum movimento à literatura, ainda que ao principio apenas servisse para publicar éditos ou pastorais, não tardou a ser empregue para trabalhos de maior transcendência, como foi a edição que, em 1766, se fez dos Principios de la ciencia económico-politica, que traduziu do francês o mais tarde famoso general Manuel Belgrano.
A ela também se deve a publicação das Poesias fúnebres à memória do vice-rei Melo, cujo autor foi o presbítero D. Manuel Fernández de Aguero, que escreveu depois Poesias misticas e também uma composição em décimas intitulada Miserere.
Depois de haver a imprensa, pouco tardou em aparecer o jornalismo, que nasceu em 1801 com El Telégrafo Mercantil, Rural, Politico, Económico, é Historiógrafo del Rio de la Plata, fundado sob os auspícios do vice-rei Marquês de Avilés e do Real Consulado, e dirigido por D. Francisco Antonio Cabello.
Como colaboradores e com composições de diferentes temas, vemos figurar nas suas colunas os nomes de Lambardén, Azcuénaga, Casa Mayor, Eugenio del Portillo, Manuel Medrano, Prego de Oliver e outros.
Do último dos citados são uma ode, de estilo elegante, A España em sua decadencia, e alguns versos eróticos; porém o que lhe deu mais nomeada foram os seus Cantos à las acciones de guerra con los ingleses, en las provincias del Río de la Plata, en los años 1806 y 1807. A última obra que se conhece dele é uma sátira, Himeneo, publicada em 1810.
Ainda que os Cantos de Prego de Oliver chamassem grandemente a atenção, foi mais celebrado e conservou maior reputação tradicional El triunfo argentino, de D. Vicente Lopez, devido sem dúvida ao facto de poder-se considerar como o primeiro resplendor da poesia patriótica argentina, ao exaltar o patriotismo do povo de Buenos Aires.
A Reconquista foi tema fecundo, que para além das já citadas composições inspirou um Romance historico e um hino A la gloriosa defensa de Buenos Aires, obras do presbítero D. Pantaleón Rivarola. Também se cita um Poema, sobre o mesmo assunto, escrito por Gabriel Ocampo.
[Emilio Alonso Criado]

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

LITERATURA ARGENTINA - PRIMEIRAS TENTATIVAS LITERÁRIAS

(Continuação)
Ao madrileno Bernardo de la Vega, residente no reino de Tucumán, deve-se uma novela intitulada El Pastor de Iberia, publicada em 1591.
Também, entre os literatos desta época, é citado Luís Pardo, poeta andaluz, ainda que não nos tenha chegado nenhuma das suas obras.
É porém depois da fundação da universidade de Córdoba, em 1622 por Frei Fernando de Trejo y Sanabria que a literatura toma um pouco de incremento no vice-reinado da Plata, ainda que dado o carácter dos estudos daquela época, todas as suas obras são mais de controvérsia religiosa que de literatura, propriamente dita.
Isto tem uma explicação fácil, se repararmos que eram todos religiosos os que escreviam, contando somente a Companhia de Jesus com mais de duzentos nomes entre professores, pregadores, filósofos e historiadores.
Entre estes trabalhos encontram-se alguns importantes como os que escreveram os jesuítas Techo, Xarque, Lozano y Guevara, sobre a história religiosa e civil do país.
Também se cita deste tempo, o poema La religión en el nuevo mundo, do P. Peramás, assim como umas Crónicas do jesuíta Gervasoni e uma obra em dois volumes devida a Jorge y António Ulloa, que se intitulava Noticias secretas.
Porém a importância que ia tomando Buenos Aires, como capital do vice-reinado, começou a atrair elementos de progresso, de que havia carecido.
Durante o governo do vice-rei Vertiz, inaugurou-se o primeiro teatro ou Casa pública de comédias, como se chamava naquele tempo e teve muito êxito.
(Emílio Alonso Criado)

domingo, 15 de novembro de 2009

LITERATURA ARGENTINA - PRIMEIRAS TENTATIVAS LITERÁRIAS

(Continuação)
Capítulo II [Emilio Alonso Criado]

A literatura começou nestas regiões, como noutras partes da América, por crónicas e relações do descobrimento e da conquista, entre estas encontram-se as de Ulrico Schmidel, que tomou parte em 1534 na expedição de D. Pedro de Mondonza e os Comentários do "adelantado" Alvar Nunez Cabeza de Vaca, que se imprimiram em 1555.
As anteriores foram escritas em prosa, porém também houve crónicas em verso, de alguma importância, ainda que nunca comparáveis com os grandiosos poemas de Ercilla ou Castellanos nem de outros cantores, que nas diversas regiões do novo continente, afinaram as suas liras no rugido das suas pampas e no arrolhar das suas frondosas selvas, ou combinaram com o sublime da abstracção poética, os ferozes ímpetos exalados pelo valente selvagem, no meio das lutas cruéis da conquista da americana.
A primeira obra desta natureza, escrita nestas regiões foi La Argentina, poema histórico de que foi autor o extremenho D. Martín del Barco de Centenera (1572).
O seu mérito como poema é escasso, para além de ser muito deficiente a inspiração, está cheio de incidentes que entorpecem a narração, o seu estilo é muito pobre e descuidado.
A sua importância está centrada na parte histórica, tanto como cronista do "adelantado" Ortíz de Zárate, tanto como biógrafo do fundador de Buenos Aires, D. Juan de Garay.
Apesar das suas deficiências, é a obra mais interessante que se conhece da literatura colonial nos séculos XVI e XVII.
(contínua)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

LITERATURA ARGENTINA - ÉPOCA COLONIAL

(Continuação)
A "literatura colonial" refere-se ao cultivo que teve o pensamento sob todas as formas, durante o tempo da dominação espanhola, no território que hoje constitui a República Argentina.
Aquela literatura pode dizer-se que foi uma planta exótica transplantada para um solo virgem; nada mais que um ribeirito que vai desaguar na corrente mãe. Trata-se simplesmente, neste caso, de averiguar e constatar o caminho seguido entre nós pelos que se dedicaram às letras, estudando o alcance das produções do espírito debaixo das influências imediatas que obraram neste solo.
Não há em geral, na literatura deste tempo, um livro que leve a marca desse tempo. Se à rude luta pela vida num ambiente mesquinho juntarmos a monotonia de uma sociedade onde a influência estrangeira era desconhecida, que passava os seus dias alheada e sonolenta no meio dos assaltos e tropelias ou de etiquetas e cerimónias, cuja vida privada representavam a sujeição, a ignorância e a superstição, com isso se explica a pobreza em produções de génios.
Alguns historiadores negam a existência de uma "literatura colonial".
Nesta época embrionária do pensamento argentino, quando a literatura não só não era fomentada, senão combatida na América oprimida; quando a maior das bibliotecas conventuais (únicas que existiam) contava apenas com uns mil volumes, dos quais segundo os historiadores mais conceituados, novecentos e oitenta, pelo menos, versavam sobre a moral religiosa e filosofia escolástica, não havendo literatura propriamente dita senão por acaso algum Séneca, algum Josefo, algum De Officiis, de Cícero.
A literatura colonial é a fusão do sangue espanhol e o espírito crioulo, podendo considerar-se esta época do pensamento como um ramo da literatura espanhola e como o gérmen da literatura argentina. (continua)