LITERATURA ARGENTINA
CAPÍTULO III
LABARDÉN
De todos os escritores de fins e princípios do século, é, sem dúvida, D. Manuel José de Labardén, o mais notável não só como poeta lírico e dramático, mas também como um factor importante do desenvolvimento intelectual da sua época.
Escreveu, identificando-se com a sua terra, obras de algum valor artístico, e que apesar de estarem esquecidas actualmente, foram muito apreciadas pelos seus contemporâneos.
Iniciou-se com alguns artigos literários no El Telégrafo, porém o seu primeiro trabalho de mérito foi a ode Al Paraná.
“Augusto Paraná, sagrado rio…”
Este romance endecassilábico foi recebido com assombro, pois era uma tentativa de poesia descritiva americana, com toques de cor local, sempre agradáveis e novíssimos na escola a que o autor pertencia.
No meio do aparato mitológico próprio do tempo, aparecia o deus do grande rio argentino, coroado de juncos retorcidos e de camalotes silvestres,
“En el carro nácar refulgente,
Tirado de caimanes recamados
De verde y oro…”
[“Num carro em madrepérola refulgente,
Puxado por caimões bordados
De verde e ouro…”]
Descreve, em seguida, a sua gruta decorada de pérolas da cor da neve e ígneos topázios,
“En que tiene volcada la urna de oro
De ondas de plata siempre rebosando.”
[“Em que tem voltada a urna de ouro
De ondas de prata sempre transbordando.”
O Paraguai e o Uruguai saem ao seu encontro, conduzindo, para atrelá-los ao seu carro, os cavalos do mar patagónico, e possuído dum entusiasmo muito sincero, ainda que não seja muito liricamente expresso, saúda aquele monarca dos rios com um hino triunfal, que é ao mesmo tempo um presságio da opulência e felicidade que o poeta augurava para a sua pátria.
[Emilio Alonso Criado]
(Continuação)
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