segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O "SILÊNCIO" DE MARTIN SCORSESE

O "Silêncio" (2016) é o mais recente filme de Martin Scorsese. Curiosamente, ao contrário do que é habitual, este filme de Sorsese recolheu apenas uma nomeação para os Óscares do ano, o da fotografia (Rodrigo Prieto). No entanto, numa leitura rápida das críticas que tem sido objeto, tal facto não parece ser estranho. Aparentemente, parece mesmo haver um certo consenso em torno daquilo que merece ser destacado no filme. A película que retrata a viagem de dois jesuítas portugueses, no século XVII, ao Japão, numa época em que o catolicismo aí tinha sido banido, parece não conter uma "história" suficientemente apelativa. Resta um enorme fresco do embate entre os impérios ocidentais e os asiáticos e no meio a fé. Para alguns terão faltado mesmo os milagres que compensassem a ousadia dos missionários.
Possivelmente, o mérito do filme não estará na "história" que conta, mas no próprio processo histórico que documenta e a inevitabilidade das pessoas serem o tempo e o lugar. E ao mesmo tempo, que a transcendência, mesmo que remetida para as catacumbas da alma, não deixa de atormentar aqueles que por ela foram tocados. Claro que como todos os filmes que suscitam questões centrais do espírito humano, também este será um filme a revisitar em tempos que nem terão de ser próximos.

Fontes: Jorge Leitão Ramos, Quase silêncio para o filme de Scorsese,Expresso, 24/01/2017.

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